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Aumento de mudanças internacionais com pets revela complexidade logística e necessidade de orientação especializada

O crescimento das chamadas famílias multiespécie — compostas por pessoas e seus animais de estimação — tem impactado não apenas o mercado pet, mas também setores como turismo, aviação e logística internacional. Um reflexo desse movimento é o aumento no número de tutores que optam por levar seus animais em mudanças para o exterior, mesmo quando o destino apresenta exigências sanitárias rígidas.

De acordo com a International Air Transport Association (IATA), o transporte internacional de animais de estimação cresceu 28% entre 2019 e 2023, impulsionado sobretudo por mudanças de país e realocações familiares após a pandemia. No Brasil, esse movimento é confirmado por consultorias especializadas, que relatam aumento expressivo na busca por suporte técnico para viagens definitivas com pets, especialmente para países como Canadá, Portugal, Alemanha, Estados Unidos e Austrália.

A Austrália é um dos países com maior controle sanitário para entrada de animais. O processo pode levar mais de 365 dias e envolve microchipagem, sorologias específicas, vacinas aplicadas dentro de prazos rigorosos, autorização oficial de importação e quarentena obrigatória. Além disso, o país não permite a entrada direta de pets vindos do Brasil, classificado como território de alto risco para raiva canina. Por isso, é necessário que o animal cumpra uma quarentena prévia em um país considerado livre ou controlado para raiva, conforme lista estabelecida pelo governo australiano. No Brasil, poucos serviços oferecem suporte completo para lidar com essas exigências multilaterais.

Recentemente, a empresa PETFriendly Turismo concluiu seu primeiro caso com destino à Austrália, após mais de um ano de preparação. “Trata-se de um processo técnico, com prazos rígidos e múltiplas etapas. Um erro de documentação ou de calendário pode inviabilizar a entrada do animal no país”, explica Juliana Stephani, fundadora da consultoria, especializada em viagens nacionais e internacionais com pets.

Para Juliana, o crescimento desse tipo de demanda deve vir acompanhado de políticas mais claras sobre mobilidade animal, além de orientação qualificada para garantir segurança jurídica e bem-estar físico aos animais transportados. “Ainda há pouca visibilidade sobre a complexidade envolvida nesse processo. Informação qualificada e planejamento são essenciais”, conclui.

Matéria – Gazeta da Semana:  PEDRO SENGER