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Doença sem cura, lúpus também afeta os pets

Apesar de menos conhecido do que em humanos, o lúpus também pode afetar nossos amigos peludos. Essa condição autoimune, embora rara, pode apresentar sintomas variados nos pets, desde fadiga e febres, até lesões cutâneas. Assim como nós, eles merecem todo o cuidado e atenção necessários para enfrentar essa batalha.

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) e o lupus eritematoso cutâneo crônico (LECC) – antigo lupus eritematoso discóide – são doenças autoimunes crônicas, de etiologia desconhecida. Levam à indução de altos títulos de auto anticorpos contra antígenos nucleares, lesando órgãos ou a pele.

Os sintomas no caso do LES são decorrentes de processo inflamatório dos órgãos acometidos, conforme conta o médico-veterinário Dermatologista da Vetdermatologia e do Hospital Veterinário Veros, Marcelo de Souza Vertulo Medeiros: claudicação, febre, poliartrite, glomerulonefrite, anemia hemolítica e pericardite. “Na pele, eritema, crostas hemáticas ou melicéricas, despigmentação nasal, perda do sulcamento do focinho”, adiciona.

Marcelo Medeiros é médico-veterinário Dermatologista da Vetdermatologia e do Hospital Veterinário Veros (Foto: divulgação)

A exata etiopatogenia do lúpus, no entanto, é desconhecida. “A doença em si é decorrente do desenvolvimento de auto anticorpos e imunocomplexos, levando a danos teciduais. A origem é vinculada a fatores genéticos e ambientais. No caso do LECC, as radiações UVA e principalmente UVB levam à apoptose celular, expressão de auto antígenos nucleares e destruição celular por conta da auto imunidade”, explica Medeiros.

No caso do LECC, o histopatológico de pele é muito importante para o diagnóstico. Quanto ao LES, o diagnóstico baseia-se nas manifestações clínicas associadas à positividade para anticorpos contra antígenos celulares ou presença da célula LE.

“O LEC tem tratamento tópico, com várias opções de corticosteróides, tacrolimus. Do ponto de vista de tratamento sistêmico, incluem-se os corticosteróides, azatioprina, clorambucil, tetraciclina (ou doxiciclina) com niacinamida, hidroxicloroquina”, pontua.

O lúpus no dia a dia

Será que a dieta pode afetar a saúde e o tratamento de animais de estimação com lúpus? O veterinário confirma: “Dietas ricas em ômega 3 podem ter ação anti-inflamatória, excelente aliado no tratamento do lupus eritematoso. Dietas ricas em colesterol, ele alerta, são prejudiciais”.

O lúpus não é uma doença hereditária, no entanto, há famílias com predisposição genética. Como cuidados preventivos, o profissional menciona que é importante reduzir a exposição ao sol, principalmente nos horários mais quentes do dia. “Como, em seres humanos, a doença é muito mais prevalente em mulheres, acredita-se que a exposição ao estrogênio possa ser um fator de risco”, sinaliza.

A doença, em sua forma sistêmica, pode levar à dor e complicações mais sérias, afetando a qualidade de vida. Nos quadros tegumentares, o incômodo é menor. Nesses dois casos, o tratamento adequado tende a melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

“Como o lúpus é uma doença crônica e alguns dos fármacos pode levar a efeitos colaterais, o acompanhamento veterinário regular é muito importante”, diz Medeiros e complementa, sobre as possíveis complicações a longo prazo: “Principalmente o LES pode ter complicações mais sérias, como anemia hemolítica, amplo envolvimento cardíaco ou pulmonar, doença renal, envolvimento do sistema nervoso central”.

O lúpus, infelizmente, não tem cura, mas os tratamentos atuais melhoram – e muito – a qualidade de vida. “Os tutores de animais de estimação com lúpus e outras doenças crônicas devem e podem encontrar apoio e informação adequada junto aos médicos-veterinários de seus animais, sendo essa relação importantíssima no controle da doença e na qualidade de vida do pet”, recomenda o especialista.

Felizmente, a pesquisa de fármacos com cada vez menos efeitos colaterais e facilidade de administração do tratamento deve ser um ponto importante para a comunidade científica, proporcionando maior qualidade de vida dos animais tratados.

“Ressalto, principalmente, o nosso papel profissional. Que busquemos cada vez mais informação e conhecimento com relação às doenças crônicas, deixando os tutores cientes de que estamos do lado deles para promover alívio e qualidade de vida a seus pets, nossos queridos pacientes”, finaliza.

Matéria – Cães e Gatos, Por Natalia Ponse