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Meu pet não quer comer! O que fazer?

A falta de apetite é uma das principais alterações de comportamento que os tutores percebem nos seus pets em casa. Mas, o que isso quer dizer? 

Segundo a médica-veterinária do Hospital Veterinário Taquaral, Beatriz Ferlin, a perda de apetite é um sintoma comum de muitas doenças, que acometem os cães e gatos. Porém, também pode estar relacionada a causas emocionais.

“Para entender melhor o que está levando a esse quadro é fundamental que o pet seja avaliado por um médico-veterinário, que fará o exame clínico e, se necessário, solicitará exames complementares. Dessa forma, é possível identificar se a falta de apetite tem origem comportamental ou está relacionada a alguma enfermidade”, explica a profissional.

No entanto, de acordo com ela, normalmente, quando a causa da recusa na alimentação é realmente uma doença é comum que outros sinais estejam presentes, como vômitos, diarreia, febre, apatia, isolamento e mudanças no comportamento habitual. 

Principais causas de falta de apetite nos cães 

Muitas são as enfermidades que levam a falta de apetite nos cães. “Nessa espécie as doenças mais frequentes são as hemoparasitoses, chamadas popularmente de doenças do carrapato, distúrbios do sistema gastrointestinal, incluindo hipersensibilidade alimentar, doença inflamatória intestinal, pancreatite, gastrite, enterite, colite de diferentes origens e infestações por parasitas intestinais”, explica Ferlin.

A doutora também afirma que alterações no sistema renal, especialmente a doença renal crônica, podem levar à diminuição do apetite, assim como as patologias infectocontagiosas, como a parvovirose e a cinomose. 

“Além disso, as doenças periodontais, como gengivite, tártaro e abscessos dentários, causam dor ao mastigar, o que faz com que os animais não queiram se alimentar”, esclarece. 

E nos gatos? 

Nos gatos a lista de doenças que podem causar mudanças na alimentação também é longa, mas algumas são parecidas com as dos cães. De acordo com Beatriz, as enfermidades mais comuns são distúrbios gastrointestinais, doença renal crônica e doenças periodontais, como o complexo gengivite-estomatite felino. 

No entanto, falando especificamente dessa espécie, é preciso citar as algumas patologias infectocontagiosas específicas. “O vírus da imunodeficiência felina (FIV), o vírus da leucemia felina (FELV), a rinotraqueíte e o herpesvírus felino estão frequentemente relacionadas a quadros de inapetência, seja por febre, mal-estar ou alterações nas vias respiratórias superiores, que dificultam o olfato”, exemplifica.

Nos felinos o estresse a as alterações comportamentais também são causas importantes a se considerar. “Situações como troca de ração ou tipo de comedouro, chegada de novos animais e pessoas no ambiente, mudanças de casa e alterações na rotina podem influenciar diretamente o comportamento alimentar do felino. Esses fatores devem sempre ser levados em conta diante de queixas relacionadas à diminuição do apetite”, afirma a médica-veterinária.

Qual a diferença entre falta de apetite e apetite seletivo? 

Entender a diferença entre falta de apetite e apetite seletivo pode ser uma das formas de compreender o que está acontecendo com o pet. 

“O apetite seletivo nos animais ocorre quando eles começam a recusar a ração ou os alimentos habituais, demonstrando preferência por determinados tipos de comida”, esclarece Ferlin. 

A profissional explica que uma das principais causas desse comportamento é a oferta frequente de alimentos mais palatáveis, como comida caseira e petiscos. “Como esses itens são mais atrativos ao paladar, pode acontecer do pet perder o interesse pela ração. Além disso, muitos animais aprendem que, ao recusar a ração, recebem algo mais saboroso como “recompensa”, o que reforça o comportamento seletivo”.

Existem ainda outros fatores que contribuem para a seletividade, como mudanças constantes no tipo ou marca da ração e alterações nos horários das refeições, que podem gerar confusão e resistência alimentar.

O que fazer quando o pet não quer comer? 

Sempre que um animal parar de comer ou apresentar apetite seletivo é recomendado levá-lo para atendimento veterinário. “A falta de apetite pode ser apenas um dos sinais que o pet não está bem. Por isso, ao identificar esse ou outro sintoma é preciso buscar pela orientação de um profissional para chegar a um diagnóstico preciso”, comenta Beatriz.

Contudo, em casa também deve-se prestar atenção em alguns aspectos. A doutora afirma que a oferta frequente petiscos, sachês, comida caseira ou outros alimentos mais palatáveis pode fazer com que o animal passe a rejeitar ração, não sendo especificamente sinal de alguma doença.

Também vale a pena observar a limpeza do comedouro. “A higiene do comedouro pode ser outro motivo para os pets não quererem se alimentar, especialmente para os felinos. Um recipiente sujo ou com cheiro forte pode causar aversão ao alimento”, cita. 

Ela ainda chama atenção para o armazenamento inadequado da ração, que compromete suas propriedades nutricionais e aromáticas, tornando os grãos menos atrativos. 

Além disso, se a falta de apetite tiver origem emocional ou comportamental é essencial restabelecer a rotina do animal o quanto antes. “Cães e gatos são animais que precisam manter uma rotina de alimentação, passeios e interações. Para eles também é importante oferecer um ambiente calmo e acolhedor”.

Já para estimular o apetite a médica-veterinária dá dicas. “Algumas estratégias que podem ajudar são a oferta de ração úmida, comida caseira ou brinquedos interativos com petiscos, pois essas alternativas tornam a alimentação mais interessante e palatável”. 

Entretanto, Ferlin ressalta que alimentos diferentes apenas devem ser fornecidos com orientação veterinária e, se a recusa alimentar persistir por mais de 24 a 48 horas, é fundamental buscar a orientação de um médico-veterinário.

Matéria – Revista Cães&Gatos, Por Danielle Assis