Newsvet

No reino animal, quanto do comportamento depende da genética e do ambiente?

“Tudo começou quando vi uns gravetos na janela do meu escritório, a menos de dois metros de onde costumo trabalhar no computador. Aos poucos, a quantidade foi aumentando e percebi que estava se formando um ninho, meio desorganizado, mas certamente um ninho de passarinho. E um belo dia olho pela janela e ali estava uma “passarinha” sentada no ninho. Era uma mini pomba.” Essas são as primeiras frases ditas por Mayana Zatz, geneticista e diretora do Centro de Estudos sobre o Genoma Humano e Células-Tronco da USP em sua última coluna de 2023. Neste episódio, ela relata a relação de um casal de minipombos com seus filhotes.

Por cerca de duas semanas, ela acompanhou a rotina da família: como se alimentavam, as diferenças no comportamento do pai e da mãe, aprendeu a diferenciar o macho da fêmea e presenciou o primeiro voo dos filhotes.

Mayana relata que foi uma experiência incrível. “Eu nunca poderia ter testemunhado se não estivessem tão perto. Como um cérebro de pássaro que é tão pequeno é programado para que um casal se comporte de modo tão eficiente de modo a proteger sua prole até que ela se torne independente?”, questiona. “Qual foi o imprinting genético que determinou esse comportamento? Nós humanos certamente temos muito a aprender com eles”, conclui.

Matéria – Jornal USP, Por Fabiana Mariz