Na Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose, celebrada em 10 de agosto, a Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CNSPV/CFMV) esclarece as principais dúvidas sobre a zoonose com impacto na saúde única.
A semana foi instituída pela Lei nº 12.604/2012 e tem o objetivo de incentivar ações educativas e preventivas, promover debates e outros eventos sobre as políticas públicas de vigilância e controle da leishmaniose, apoiar as atividades organizadas e desenvolvidas pela sociedade civil e difundir os avanços técnico-científicos relacionados à prevenção e ao combate da doença.
Nesse sentido, destaca-se também o Guia de Bolso da Leishmaniose Visceral, uma publicação digital produzida em 2020 pela CNSPV/CFMV. No guia, é possível conferir desde os aspectos epidemiológicos atuais no Brasil e no mundo, passando pela legislação brasileira e os aspectos legais voltados à atuação do médico-veterinário, até diagnóstico, tratamento, controle e prevenção, tanto em animais quanto em humanos.
O que são e quais são os tipos de leishmanioses?
As leishmanioses são zoonoses sistêmicas causadas por protozoários do gênero Leishmania. Existem dois tipos: a tegumentar americana, que aflige a pele e as mucosas; e a visceral (calazar), afetando os órgãos internos.
Como é a transmissão da leishmaniose visceral?
A leishmaniose visceral (LV) é transmitida por um inseto vetor denominado flebotomíneo, conhecido popularmente como mosquito-palha, cangalha, tatuquira e birigui.
A transmissão acontece quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi, causador da LV. Importante ressaltar que o cão atua como principal reservatório urbano e não como transmissor da doença.
Quais são as principais medidas preventivas?
Como o mosquito vetor da LV se reproduz em solo úmido, algumas ações de manejo do ambiente são necessárias: limpeza diária; evitar o acúmulo de matéria orgânica em quintais e terrenos, como folhas, frutas e restos de alimentos; e reduzir as fontes de umidade.
Outras medidas são a instalação de telas de malha fina nos canis e em janelas residenciais em áreas endêmicas, bem como o uso nos cães de coleiras impregnadas com inseticida ou outros produtos veterinários repelentes de flebotomíneos.
E a vacinação?
O registro de produtos veterinários, como as vacinas antileishmaniose visceral canina, é de responsabilidade do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Existe tratamento para os animais?
Uma vez diagnosticado com LV, o animal poderá ser tratado com medicamentos veterinários registrados no Mapa para esta finalidade.
É proibido o tratamento com produtos para humanos porque isso pode selecionar cepas resistentes do parasito e gerar consequências negativas e irreversíveis para a saúde pública.
A LV é de notificação obrigatória?
Sim. A LV é uma doença de notificação obrigatória, prevista na Instrução Normativa Mapa nº 50/2013 e na Portaria de Consolidação nº 4/2017 do Ministério da Saúde, constante da Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública.
Qual é o papel do médico-veterinário?
O médico-veterinário possui atuação estratégica para a prevenção e o controle da leishmaniose visceral. O profissional é habilitado e capacitado para poder diagnosticar a doença e prestar a assistência adequada ao animal, além de orientar o tutor. Por isso, é essencial levar os animais periodicamente ao médico-veterinário ou sempre que observar alterações clínicas ou comportamentais.
Fonte: https://www.cfmv.gov.br/cfmv-esclarece-duvidas-sobre-leishmaniose-na-semana-dedicada-ao-combate-a-doenca/comunicacao/noticias/2023/08/10/