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Tubarão regenera a própria nadadeira após sofrer ferimentos causados por humanos

Um tubarão conseguiu crescer uma parte de sua nadadeira que foi cortada por humanos perto da cidade de Júpiter, no estado norte-americano da Flórida. Foi a primeira vez que pesquisadores observaram um tubarão seda (Carcharhinus falciformis) crescendo parte da nadadeira dorsal e o segundo caso registrado de regeneração de nadadeira em qualquer tubarão. O acontecimento foi relatado em uma pesquisa publicada em 14 de dezembro no periódico Journal of Marine Sciences.

Em junho de 2022, pesquisadores colocaram uma etiqueta de arquivo equipada na barbatana dorsal do tubarão seda em questão para que pudessem acompanhar a migração do animal. Esse tipo de dispositivo consegue transmitir os dados coletados por meio do sistema de satélite. Semanas depois, uma pessoa desconhecida cortou a etiqueta do tubarão, o deixando com um grave ferimento.

Foi o mergulhador local John Moore quem viu que o animal estava machucado e sem sua etiqueta e contatou os pesquisadores. “Eu disse a ele que seria impossível perder a etiqueta de satélite na barbatana dorsal, então ele saberia que era um dos nossos tubarões. Daí foi quando ele me mandou a primeira foto mostrando o enorme buraco no local onde estava a etiqueta”, disse a autora do estudo, Chelsea Black, da Universidade de Miami, ao site Live Science.

Para a pesquisadora, é improvável que a pessoa que tirou a etiqueta do tubarão tivesse boas intenções em relação ao animal.

 

Recuperação

Segundo o Museu de História Natural da Flórida, os tubarões seda podem ter até três metros de comprimento e são comuns nos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico. A espécie corre risco de extinção por conta da sobrepesca. Na Flórida é proibido capturar ou matar esses animais.

Chelsea Black documentou a rara regeneração da nadadeira do tubarão a partir da análise de fotos tiradas por mergulhadores com 322 dias de diferença. As imagens revelaram que o espécime perdeu 20,8% da barbatana no ferimento inicial e que conseguiu regenerar 87% de seu tamanho inicial.

Esse tipo de regeneração foi observada poucas vezes, então os pesquisadores ainda estão descobrindo como o fenômeno acontece. No estudo, Black sugere que a parte regenerada da nadadeira é composta principalmente por tecido cicatricial.

Os tubarões são conhecidos por se recuperarem rapidamente, resultado de sua evolução, já que lidam com vários ferimentos causados pela agressão e predação de outros tubarões. De acordo com a pesquisa, esses animais possuem respostas imediatas anti-inflamatórias a machucados.

“Há um motivo pelo qual os tubarões têm evoluído por centenas de milhões de anos, sobrevivendo a vários eventos de extinção em massa. Esta história só prova o quão resilientes eles conseguem ser”, afirmou Black.

 

Matéria – Por Redação Galileu

Imagem – Mergulhadores tiraram fotos do tubarão em 2022 e 2023, mostrando a recuperação dele — Foto: Josh Schellenberg e John Moore