Muitos animais de estimação já precisaram utilizar o temido colar elizabetano. Essa estrutura plástica em formato similar ao de um cone é importante durante o tratamento de algumas doenças, principalmente as que acometem a região de face e cabeça. Porém, ela está longe de ser confortável.
A médica-veterinária comportamentalista do Grupo Afrovet, Beliza Mouana Santos, explica que esse produto é recomendado durante cuidados pós-cirúrgicos, nos quais o animal não pode lamber a região, e também é utilizado em tratamentos dermatológicos, oftálmicos e otológicos, evitando que o pet coce a região de cabeça e face.
“O colar elizabetano mais utilizado é o que possui formato de cone, remetendo ao colar do período histórico Elizabetano. Contudo, com o tempo foram surgindo novas opções, como os colares transparentes, acolchoados e em formato de donut, por exemplo”.
Há ainda diferenças entre os modelos desenvolvidos para cães e gatos. De acordo com a profissional, como os felinos são mais sensíveis a adição de objetos, as opções para eles são mais leves e adaptáveis, para que sejam aceitas com mais facilidade.
Como adaptar os cães ao uso do colar elizabetano?
Logo que se coloca o colar elizabetano em um animal é possível ver algumas mudanças de comportamento. “As alterações mais comuns são agitação ou “congelamento” momentâneo. Por isso, é importante ter um período de adaptação para que essas respostas sejam minimizadas”, comenta Santos.
Inclusive, a adaptação de cães e gatos ao uso desse objeto é diferente. No caso dos cachorros, no início a doutora recomenda apresentar o colar antes de colocá-lo no animal e associá-lo a oferta de biscoitos, criando um reforço positivo.
Após essa primeira etapa pode-se colocar e tirar o colar por um tempo, sempre ofertando biscoitos quando o animal ficar tranquilo durante o uso. “Na última fase da adaptação indico inserir o colar e permitir que o cão caminhe com calma e supervisão, oferecendo algo de maior interesse. Sempre deve-se deixar claro para o animal que o produto não representa nenhuma ameaça e que ainda será possível comer, beber água e caminhar mesmo durante o uso”, explica.
Contudo, a médica-veterinária alerta que caso o animal fique por mais de 30 minutos imóvel, sem tentar caminhar ou muito agitado, vocalizando e tentando tirar o colar, deve-se retornar para a etapa inicial de apresentação e habituação.
Além disso, segundo ela, para cães mais medrosos, os modelos macios podem ser uma boa escolha, pois não trazem o desconforto gerado pelo barulho do plástico das versões tradicionais.
E a adaptação dos gatos?
De acordo com a comportamentalista, os felinos possuem um tempo próprio de adaptação, então nem sempre irão permitir ou tolerar a colocação do colar elizabetano de primeira.
“Para os gatos é interessante dar preferência as opções mais leves, que não limitem tanto sua visão periférica. Outra dica é a de treiná-los a usar o colar desde filhotes, pois assim quando a utilização for realmente necessária ficará mais fácil a adaptação”, comenta.
Durante a fase da adaptação, conforme explica Santos, deve-se ter calma e avaliar a tolerância do animal ao colocar e tirar o colar. “Já enquanto estiver utilizando o objeto, pode-se deixá-lo livre para caminhar e ficar em locais seguros”.
Cuidados com os pets durante o uso do colar elizabetano
Dependendo do motivo que levou os cães e gatos a utilizarem o colar elizabetano, esse uso poderá se estender por alguns dias. Portanto, é preciso se atentar a alguns pontos.
Uma das maiores dificuldades dos pets quando estão com esse objeto é na hora de tomar água e se alimentar. “Se o animal não estiver conseguindo comer e beber água, pode-se remover o colar por um tempo e depois colocá-lo de volta para que o pet mantenha seus hábitos. Existem alguns colares que permitem maior acesso, porém não são recomendados para todos os casos”, esclarece a profissional.
Há também algumas situações em que é permitido dar uma “folga” ao animal durante o período em que deve ser mantido com o colar, mas isso depende da orientação do médico-veterinário que estiver o acompanhando.
Beliza afirma que todas as “folgas” devem ser supervisionadas e feitas em local seguro, que não traga riscos para os pets. No entanto, é preciso atenção, pois em alguns casos nos momentos em que o animal está sem o produto ele pode acessar a região que precisa estar isolada, como uma sutura ou uma lesão em cicatrização.
Além disso, é importante se atentar a reação dos outros pets da casa com relação ao cão ou gato que está utilizando o colar. “Alguns animais coabitantes podem se assustar. Devido a isso, é recomendado também acompanhar a reação deles para evitar acidentes”, finaliza a doutora.
Matéria – Equipe Cães&Gatos