A morte de um cachorro durante o transporte aéreo após um erro no destino levantou um alerta sobre os fatores que interferem na saúde dos pets ao viajar de avião.
O veterinário do golden retriever chamado Joca, de cinco anos, tinha dado um atestado indicando que ele suportaria duas horas e meia de voo, mas um erro no destino fez com que animal passasse oito horas dentro do avião.
O pet deveria ter sido levado do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, para Sinop (MT), mas foi colocado num avião da Gollog, empresa da companhia Gol, que embarcou para Fortaleza (CE).
Na maioria dos casos, viajar de avião é considerado seguro pelos veterinários, mas o estresse da viagem pode causar danos para o pet se ele não estiver pronto. A ansiedade do ambiente novo para ele pode aumentar a frequência cardíaca, prejudicar a respiração, fazer com que ele tenha uma síncope e, em casos extremos, levá-lo a morte.
No caso dos gatos, que são territorialistas, o mecanismo de defesa pode ser ativado, gerando descarga de adrenalina e aumentando o cortisol (hormônio do estresse).
Veja a seguir quais cuidados devem ser tomados ao viajar com o pet:
- Como preparar o animal?
- Quando é melhor não viajar?
- Cabine ou porão?
- Como deve ser a caixinha?
- O que verificar ao chegar ao destino?
- Como preparar o animal?
Planeje a viagem com antecedência. O bichinho precisa passar por um tipo de treinamento do que vai enfrentar no dia, explica Juliana Stephani, veterinária e fundadora da PETFriendly Turismo.
O ideal é que esta experiência tenha cerca de três meses. Gatos podem ser mais metódicos que cachorros e podem precisar de mais tempo para se adaptarem.
A primeira etapa é adquirir a caixinha na qual o animal será transportado (veja mais abaixo como escolher). Permita que o bicho crie costume dentro dela.
Para isso, escolha um canto da casa e deixe a porta sempre aberta, para que o ele possa entrar e sair quando quiser, recomenda Karina Mussolino, gerente técnica do Centro Veterinário Seres. Para incentivar esse comportamento, pode-se colocar petiscos dentro do ambiente. Tente também usar a caixa dentro do carro.
Exponha o pet a barulhos semelhantes ao do avião. Deixe estes efeitos sonoros ligados quando você sair de casa. Se o animal for na cabine, o leve para passear no shopping e lugares movimentados, como a feira, diz Juliana.
Além do treinamento, as companhias aéreas e – no caso das viagens internacionais – cada país possuem suas exigências em relação à saúde do animal. Verifique, portanto, quais vacinas e documentações são obrigatórias no seu trajeto.
Nacionalmente, a vacinação contra a raiva e um atestado do veterinário comprovando que o animal está saudável são obrigatórios. Também é preciso fazer a microchipagem, que é um microchip com a identificação do pet para caso ele se perca, explica Karina.
No dia da viagem, deixe o animal de jejum por cerca de 4 horas, pois o percurso pode causar náuseas.
Nunca dê calmantes ou sedativos, estes medicamentos são proibidos, afirma Juliana. Para mantê-lo calmo, um truque é brincar bastante com o pet no dia anterior para que durante a viagem ele esteja cansado.
- Quando é melhor não viajar?
Juliana comenta que animais idosos ou muito jovens, com problemas de saúde ou dificuldade de locomoção não podem viajar em porão, pois a adaptação deles é mais complicada. Além disso, em caso de remédio controlado, o tutor precisa de acesso para medicá-lo.
Ainda assim, Karina ressalva que, se as enfermidades estiverem controladas e o veterinário autorizar, esses bichos podem conseguir viajar.
Da mesma maneira, cachorros braquicefálicos, que são os de focinho curto, não devem ser transportados dessa maneira, pois eles têm mais dificuldade para respirar.
- Cabine ou porão?
O local do avião onde o pet será transportado é determinado por cada companhia aérea, que estabelece o peso máximo para voo na cabine. Mas, independente de onde forem, os animais precisam da caixinha.
Em caso de cães guias, essa regra deixa de valer e eles automaticamente podem viajar com os tutores. De mesmo modo, eles têm direito de ir aos pés do passageiro, fora da caixa, sem que seja necessário pagar mais uma passagem, explica Juliana.
Para isso, além das documentações exigidas para os outros pets, é preciso também um certificado de adestramento.
Há também como recorrer juridicamente para que o animal viaje na cabine em caso de doenças e dos cães de focinho curto. Também é possível recorrer caso o animal seja de suporte psiquiátrico e haja um laudo médico comprovando esta função.
Apesar do animal não estar com o tutor, a veterinária Juliana afirma que o porão também é seguro. Ela explica que o ambiente possui uma temperatura entre 10° e 23° C controlada pelo piloto do avião e é pressurizado, ou seja, tem a circulação de ar.
- Como deve ser a caixinha?
O ideal para a caixinha é que o animal fique confortável. O bichinho deve conseguir ficar de pé, dar uma volta de 360° e a cabeça não pode encostar no teto nem o focinho nas laterais. O recipiente também deve seguir medidas específicas determinadas pela companhia aérea.
Existem três materiais permitidos: plástico, madeira e metal. Este último não é recomendado por Juliana, pois deixa o ambiente interno mais quente. No caso da caixa de madeira, é preciso ter um revestimento interno, para que o animal não roa as paredes e possa se machucar.
Também é necessário ter aberturas nas laterais para a circulação de ar e mais de três trincos para garantir que o pet não vai conseguir abrir a porta. Além disso, é importante usar um tapete higiênico. Acessórios, como brinquedos e paninhos são proibidos.
- O que verificar ao chegar ao destino?
Veja como o animal está se comportando após a viagem e, se for preciso, leve-o para o veterinário. Estar ofegante ou não levantar são sinais de que o pet não está bem. O ideal é que ele saia da caixinha como se nada tivesse acontecido, explica Juliana.
Karina também recomenda a aferição de temperatura, verificar se as mucosas não estão azuladas ou pálidas, se não está babando excessivamente – o que pode significar náuseas – e se a caixinha não tem resquícios de diarreia, urina ou sangue.
Juliana comenta que o tutor deve oferecer água e comida após o desembarque. Contudo, não se espante se ele não comer de imediato, pois é normal que animais tenham enjoo durante e após o voo.
Fonte: G1.globo.com